Cidades

Antiga sede do Projeto Videiras é ocupada por moradores de rua

Grupo na porta da sede do extinto Projeto Videiras, no Centro de Ipatinga      (Foto: André Almeida)

IPATINGA – Moradores de rua estão ocupando a frente do imóvel onde funcionava o Projeto Vieiras, situado à rua Santa Bárbara, no Centro. A situação se estabeleceu após o fechamento da instituição, em dezembro do ano passado, devido à falta de repasse de verbas por parte da Prefeitura, então governada por Robson Gomes (PPS).

O coordenador do Projeto, pastor Ednaldo Felipe dos Santos, explicou que o fechamento foi motivado pela falta de recursos necessários para a continuidade das atividades. A instituição era mantida por meio de um convênio com a Prefeitura, mas os repasses deixaram de ser feitos a partir do mês de setembro do ano passado. Em dezembro, a direção não suportou as dívidas que se acumulavam e fechou as portas.

O débito com funcionários, fornecedores e até mesmo aluguel chegavam a R$ 160 mil, o que inviabilizou as atividades do Videiras. “Era o que a gente não queria, mas não teve jeito”, disse o pastor, sobre o encerramento das atividades. Ednaldo conta ainda que, atualmente, as dívidas são ainda maiores, considerando os juros e multas.

Uma ação contra a Prefeitura exigindo a realização dos repasses foi proposta pelo Ministério Público e iniciada na Vara da Fazenda Pública de Ipatinga. No dia sete de dezembro, o juiz Fábio Torres deferiu uma liminar concedendo prazo de 15 dias para que o Governo realizasse os pagamentos das parcelas em atraso do Projeto Videiras sob pena de multa no valor de R$ 1 mil ao dia, limitada ao máximo de R$ 500 mil. No entanto, mesmo com a sentença, os repasses não foram feitos e o contrato, que venceu no último dia do ano passado, não foi renovado.

O PROJETO
O projeto Videiras foi fundado há 11 anos para atender a pessoas em situação de rua e contava com diversas frentes como assistência social, encaminhamento profissional e espiritual, recuperação de doentes além de um albergue para receber os moradores de rua e migrantes. A casa tinha capacidade para receber 50 pessoas diariamente e apenas no ano passado realizou cerca de 50 mil atendimentos.

Ednaldo conta que os moradores de rua que se abrigaram na frente do imóvel são alguns dos atendidos pelo Videiras. Os comerciantes do entorno também confirmam a informação e reclamaram da presença dos mendigos na localidade. As reclamações já chegaram aos ouvidos do coordenador da instituição, que tem sido cobrado da sociedade sobre o retorno dos trabalhos. “As pessoas me param e perguntam quando o projeto vai voltar”. Segundo ele, o questionamento é feito até mesmo por moradores de rua que eram atendidos na casa e que agora estão desamparados. “O pessoal tá querendo o retorno”, completou.

O fechamento da instituição refletiu também em vários pontos do Centro de Ipatinga. Acampamentos improvisados foram montados pelos moradores de rua na Praça Caratinga, na divisa com o Vila Ipanema, e também na Praça da Bíblia, em frente ao Camelódromo. Os mendigos também ocupam marquises e prédios públicos como a Prefeitura Municipal, a antiga Estação Qualifica e o Restaurante Popular, atualmente fechado para reforma.

REABERTURA
A direção do Projeto Videiras informou que vem conversando com a nova Administração Municipal, em especial com a Secretaria de Assistência Social, para tentar um acordo que possibilite o retorno das atividades do Videiras em Ipatinga. “Eu creio que já já a gente volta”, previu, otimista, o pastor Ednaldo.

A Prefeitura Municipal de Ipatinga encontra-se em processo de análise e revisão dos antigos convênios e contratos com instituições assistenciais, mas existe o interesse da Administração de que o Videiras seja restaurado. Ednaldo disse, inclusive, que na manhã desta terça-feira (5) tem uma reunião agendada com membros do Executivo para tentar uma solução para o imbróglio.

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