IPATINGA – O imbróglio envolvendo a disputa pelo comando da Federação Mineira de Futebol (FMF) promete um capítulo mais quente no início de 2014. No último dia 19, o juiz titular da 6ª Vara Cível da Comarca de Belo Horizonte, Antônio Leite de Pádua, atendendo determinação do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG), afastou em definitivo o presidente da FMF, Paulo Schettino, de suas funções na entidade máxima do futebol estadual.
A Justiça também determinou que as portas da FMF fossem lacradas. No momento, a entidade está sob o comando de um interventor judicial. A sentença determina, ainda, que novas eleições sejam realizadas até 28 de fevereiro de 2014.
A Justiça anulou a alteração estatutária da FMF, realizada em agosto de 2011, o que prorrogou o mandato de Paulo Schettino até o final de 2014.
O poder de Schettino e do seu grupo à frente da entidade máxima do futebol mineiro persiste há três décadas. Em 2004, o então presidente da FMF, Elmer Guilherme (já falecido), teve o mandato cassado pela Justiça. Na ocasião, Paulo Schettino era vice e assumiu o cargo de presidente, do qual ele foi destituído em definitivo no último dia 19.
NO PÁREO
Quem está no páreo para pôr fim ao poder de Schettino e seu staff na FMF é o advogado Silvestre Antônio Ferreira, ex-presidente da Liga de Desportos de Ipatinga (LDI). Em 2008, Silvestre foi impedido, no último instante, de registrar chapa para concorrer à presidência da Federação Mineira de Futebol. Schettino acabou eleito por aclamação, com vistas ao quadriênio 2009-2012.
Silvestre ofereceu diversas denúncias ao Ministério Público do Estado de Minas para tentar provar irregularidades no estatuto da FMF, bem como anular a eleição que manteve Schettino na presidência. Em dezembro de 2012, a Justiça chegou a afastar Paulo Schettino do cargo, mas, graças a liminares, ele conseguiu se manter algum tempo na função.
Agora, em virtude da sentença definitiva do TJMG, Silvestre está otimista de que, enfim, poderá disputar a eleição para presidente da FMF em condições de igualdade.
“A Justiça provou que Paulo Schettino permaneceu no cargo de presidente da Federação de forma irregular. A cassação dele e de toda a sua diretoria garantirá o fim dos desmandos na entidade, incluindo mudanças irregulares no estatuto. Pela primeira vez depois de muito tempo, teremos uma eleição transparente na Federação Mineira, para exercermos a verdadeira democracia”, projeta Silvestre.
PRUDÊNCIA
Com a iminência de novas eleições, Silvestre Antônio Ferreira está se reunindo com apoiadores e visitando presidentes de ligas de futebol do interior e dos clubes profissionais e amadores filiados à FMF. Têm direito a voto 130 ligas espalhadas pelo estado, 100 clubes amadores de Belo Horizonte, 12 clubes do Módulo I da Primeira Divisão, 12 clubes do Módulo II e 13 clubes da Segunda Divisão.
Questionado se já tem o nome do vice que comporá sua chapa, bem como um plano de metas para sua campanha, Silvestre mantém prudência. “Primeiro, é preciso aguardar a convocação oficial da nova eleição. A partir daí vamos colocar nomes em pauta e expor nosso projeto aos desportistas, ao público e aos filiados da Federação Mineira”, resume Silvestre.
DESONERAÇÃO
Silvestre Antônio Ferreira adianta que um de seus compromissos é desonerar os clubes, sobretudo os do interior, e valorizar mais as Ligas amadoras do estado.
“Temos que fortalecer o futebol mineiro como um todo, diminuir as taxas que são cobradas, diminuir o excesso de profissionais nos estádios, para baixar custos, e valorizar mais as ligas de futebol. A Federação só sabe cobrar taxa das ligas, como transferência de jogadores, alvarás, registro de estatuto, mas por outro lado não beneficia os filiados em nada. Além disso, muitas equipes menores ficam no sufoco porque a Federação Mineira, sob comando do presidente cassado, apenas suga dos clubes, sem dar-lhes uma alternativa para melhorar sua arrecadação. Precisamos mudar esse quadro”, enfatiza Silvestre.
