Policia

Acusado de matar em retaliação à morte de cabo Amarildo é solto

Geraldino Pereira de Moura, irmão de policial assassinado, ainda se encontra foragido; Sebastião Ludovino foi morto em retaliação ao assassinato do cabo Amarildo

IPATINGA
– A Justiça determinou, na última quinta-feira (6), a soltura de Albertino Pereira da Costa, preso em julho do ano passado acusado pelo assassinato de Sebastião Ludovino de Siqueira, 66. Na mesma sentença, foi determinado que o outro suspeito do homicídio, Geraldino Pereira de Moura, irmão do cabo Amarildo, seja levado a júri popular.

Os dois homens foram acusados de terem matado o aposentado pela equipe do Departamento de Homicídios da Polícia Civil de Belo Horizonte, que instaurou uma força tarefa em Ipatinga para apurar uma série de crimes emblemáticos.
Sebastião foi assassinado em 22 de fevereiro do ano passado na porta de sua casa, no bairro Águas Claras, em Santana do Paraíso. O crime teria sido cometido por uma dupla em uma motocicleta, que chamou a vítima pelo nome. Ao atender, Ludovino foi surpreendido por vários disparos de arma de fogo, sendo que três lhe atingiram as costas. Ele chegou a ser socorrido, mas não resistiu e morreu antes de chegar ao hospital.

RETALIAÇÃO

Sebastião Ludovino era pai de Daniel Wattson Costa Siqueira, acusado de ter participado do assassinato do cabo da Polícia Militar Amarildo Pereira de Moura, irmão de Geraldino. Na ocasião da morte de seu pai, Daniel era procurado pela polícia e tinha contra ele um mandado de prisão em aberto. De acordo com o inquérito da PC, Sebastião foi morto para forçar Daniel a aparecer e, consequentemente, ser detido ou também assassinado.

Ao fim das investigações da morte de Sebastião, em julho do ano passado, Geraldino e Albertino foram apontados como os assassinos do aposentado. Contudo, apenas o segundo foi preso preventivamente, ao passo que o irmão do cabo Amarildo ainda se encontra foragido. A defesa de Albertino chegou a pedir relaxamento da prisão para o suspeito, mas a solicitação não foi acatada.

JULGAMENTO
Na última quinta-feira, o juiz da 2ª Vara Criminal de Ipatinga, Antônio Augusto Calaes, determinou que apenas Geraldino seja levado a julgamento pelo crime, afirmando que as provas contra Albertino são insuficientes.

A sentença revela que, na época do crime, a vítima chegou a ser ameaçada por um dos irmãos do cabo Amarildo e ainda traz outros indícios que depõem contra Geraldino. “O acusado teria sido visto, no dia do homicídio, pilotando uma moto com características semelhantes à usada no crime (…), ressaltando-se que, apesar dele morar na zona rural de Antônio Dias, toda sexta-feira ele vem a Ipatinga e Santana do Paraíso vender queijos, sendo que a vítima foi assassinada justamente numa sexta-feira”, afirma trecho da peça judicial.

A sentença ainda determina que “as ponderações acima sobre os indícios de autoria têm que ser levadas à apreciação soberana dos jurados para decisão final, pois só a eles cabe o benefício da dúvida”.

ALBERTINO

O segundo acusado do assassinato de Sebastião, Albertino Pereira da Costa, teve sua participação no crime posta em xeque pelo magistrado Antônio Augusto Calaes, que decidiu por não levá-lo a júri popular.
De acordo com a sentença, as provas contra Albertino são insuficientes para convencimento dos jurados e poderiam não se sustentar em plenário.

A sentença revela que Albertino teria sido acusado do crime por Daniel Wattson, o filho de Sebastião. Segundo revela o inquérito, o rapaz teria iniciado o boato porque Albertino o denunciou à polícia no dia da morte do cabo Amarildo.
Outro ponto que colaborou com Albertino no processo foi o álibi apresentado por ele.

O crime contra Sebastião foi cometido por volta das 18h55 e, de acordo com a quebra do sigilo telefônico do suspeito, Albertino estava nas proximidades do bairro Canaã às 18h42, quando efetuou uma ligação em seu celular e, às 19h07, efetuou outra nas imediações do bairro Jardim Panorama. Segundo trecho da sentença é “pouco provável que ele (Albertino) tenha saído do bairro Canaã, em Ipatinga, ido ao bairro Águas Claras, em Santana do Paraíso, e retornado ao bairro Jardim Panorama, também Ipatinga, em exatos 25 minutos”.

Albertino também teria sido visto por um amigo em um posto de combustíveis no bairro Caçula, em companhia de sua esposa, por volta das 19:00h. Depois, teria passado pelo local do crime e perguntado a um policial que isolava a cena o que havia ocorrido.

Segundo a Justiça, não existem indícios capazes de sinalizar autoria ou participação de Albertino no delito. Por essa razão, apenas Geraldino será levado a julgamento. Albertino, que se encontrava preso desde julho passado no Ceresp de Ipatinga, teve seu alvará de soltura expedido pela Justiça da cidade. A data do julgamento do irmão do cabo Amarildo não foi marcada e a sua defesa poderá recorrer, mesmo estando o réu foragido.

Você também pode gostar

PHP Code Snippets Powered By : XYZScripts.com