Cidades

Abatido, Quintão desabafa e diz que prefeito não manda

IPATINGA – Usando uma máscara para evitar a propagação do vírus de uma gripe, que atribui a “coisa de velho”, o prefeito de Ipatinga Sebastião Quintão (PMDB), fez um discurso de desabafo nesta sexta-feira (16) durante a solenidade de apresentação de resultados da Usiminas. Visivelmente abatido com a série de críticas que seu governo vem recebendo, em função do caos administrativo que a cidade vive, ele disse que “prefeito não manda nada”. “Se não mudarem a estrutura política no País, daqui a pouco ninguém vai se atrever a ser prefeito. Ser prefeito é um sacerdócio maravilho, mas o sacerdote tem que ser forte. Da maneira como estão fazendo, não haverá quem queira ser prefeito. É um abuso o que estão fazendo”, disse, referindo-se às críticas e manifestações contrárias a seu governo, que ele considera um desrespeito. “Eu sei o que a minha família sofre”, lamentou.
Segundo Sebastião Quintão é preciso lutar par a juventude queira participar da política. “Virou bonitinho ficar falando mal de político”, ironizou.

RUI BARBOSA

A seu modo, Quintão reportou-se ao discurso de Rui Barbosa feito na tribuna do Senado da República em 1914, para reclamar da atual situação do País e e da sua própria: “De tanto ver triunfar as nulidades; de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça. De tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha de ser honesto”.

TORRESMO E CAPADO

O prefeito criticou também o ditado popular que diz que é melhor ficar com o torresmo do que perder o capado. O provérbio popular faz referência a alguém ganancioso que aposta alto e perde o torresmo e o capado, ficando sem nenhum, ou prefere algo imediato (no caso o torresmo) do que ter o trabalho de criar e cuidar do porco.
“Ora, vamos salvar o torresmo e deixar o capado morrer?”, questionou, dando a entender que é contra os pensamentos reducionistas e resignados de quem prefere o imediatismo.
Dirigindo-se a um “colegiado especial”, um público composto de lideranças políticas e empresariais, o prefeito de Ipatinga, exortou à realização de ações que incentivem a participação da juventude na política e vejam a política com bons olhos.
Referindo-se ao discurso anterior, que destacou o papel dos japoneses na formação da cidade, Quintão disse que “a cidade tem os maiores seres humanos do Brasil. Os japoneses trouxeram seus filhos para a Ipatinga.”
Entre entristecido e indignado, profetizou: “A boa semente está jogada na lama. Não na gaveta”.
Quintão lembrou ainda que não precisa ser enxovalhado porque construiu um grande patrimônio financeiro, depois de ter chegado a Ipatinga como um dos dez filhos de uma família pobre e trabalhadora, e agradeceu a cidade por ter lhe dado tudo o que tem. “Vamos pensar no Brasil que tem os maiores valores do mundo. Só dois tipos falam mal do Brasil, os brasileiros e os que estão lá fora. Quem casa com uma mulher brasileira vive na alegria, porque é uma mulher diferente. O covarde, o almofadinha, o flanelinha não chegam a lugar algum. Aguardem! Ipatinga vai ser uma cidade admirada por todas as nações”, profetizou, de novo.

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