Nacionais

A cretinice dos mitos e a falta de vergonha do governo

Após vazamentos, como num ato de desagravo, Moro é condecorado

(*) Fernando Benedito Jr.

Ao lado do presidente Jair Bolsonaro, o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, foi uma das 180 personalidades civis e militares homenageadas nesta terça-feira (11) com a Medalha da Ordem do Mérito Naval na comemoração do 154 Aniversário da Batalha Naval do Riachuelo. Certamente, um compromisso anteriormente agendado, com os nomes já listados e não seria por um “simples” vazamento, sem maiores conseqüências, “nada de mais”, como disse o próprio Moro, feito por “hackers criminosos”, que deveria ser adiada. Na verdade, postado ao lado de Moro, com quem caminhou orgulhosamente em direção ao local da cerimônia, Bolsonaro parecia realizar um ato de desagravo contra “o ataque” sofrido por seu ministro. Seria desagravo, se não fosse cínico, hipócrita, cara-de-pau, algo canalha mesmo.

Sérgio Moro é a última pessoa a ter o direito de reclamar da ação de hackers. Hackeou todos os investigados no âmbito da Lava jato e até quem não era, como a ex-presidente Dilma Rousseff e quem mais quis. E olhe lá se não o tiver feito com o apoio do Departamento de Estado dos EUA, NSA e CIA. A esta altura, toda teoria da conspiração é possível.

Do ponto de vista da direita e das milícias digitais, a homenagem a Moro é pequena. Pouca coisa diante dos bons e relevantes serviços prestados a Bolsonaro e a si mesmo. O atual governo jamais teria sido eleito se Lula não estivesse na cadeia. E antes mesmo de se confirmar a vitória bolsonarista no segundo turno, Moro já havia sido convocado para integrar um eventual governo em caso de vitória.

Quer dizer, a promiscuidade que veio à baila nas reportagens da The Intercept já era praticada bem antes. O que não chega a ser novidade. O que surpreende nisso tudo é o aspecto farsesco, o alto nível de mau caratismo, a maneira escancarada como juízes e promotores assumem suas posições políticas e julgam conforme estas convicções ideológicas, enquanto negam, escondem e mentem para o público externo estas tendências. No TRF-4 fizeram um complô. Podem não ser corruptos em questões financeiras, mas em questões éticas e morais não perdem em nada para muitos daqueles que acusam e julgam.

(*) Fernando Benedito Jr. é editor do Diário Popular.

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