Opinião

A base da teoria “Mackinder-Dugin”

(*) Wanderson R. Monteiro

Como dito no último artigo, o movimento eurasiano provém do antigo “nacional-bolchevismo” ao qual foram acrescidos novos pensamentos extraídos de pensadores russos do século XX, principalmente, das obras do geólogo inglês Halford J. Mackinder, de onde Dugin tira sua principal teoria sobre as nações terrestres e marítimas, e a ideia do “Heartland”, pontos basilares na teoria geopolítica de Dugin.

Durante muito tempo as navegações foram o principal meio de expansão e poderio, de maneira que os países que dominavam esse meio de transporte, e tinham grandes frotas marítimas, conseguiam expandir sua influência e aumentar seu poder econômico.

Segundo a ideia de Mackinder, esse meio de expansão e poderio iria se enfraquecer ao longo do tempo, e as nações que seriam poderosas no futuro não seriam mais as “nações marítimas”, que dominavam os mares e desbravaram e conquistaram o mundo com suas frotas, mas sim as “nações terrestres”, países, regiões, continentes, ou novos “impérios”, com vasta expansão de terra que, por causa de seu território, teriam os meios de se manter, crescer, se desenvolver e, no pensamento de Mackinder, a Rússia, juntamente com a China e o leste europeu (que formam, juntos, o maior conglomerado terrestre do mundo) tinham uma grande importância e estavam em uma posição geograficamente privilegiada, tendo a Rússia um destaque maior nesse contexto, pois está situada justamente onde Mackinder nomeou de “Heartland”, o “coração da terra”, sendo, na visão de Mackinder e Dugin, – e de muitos conhecedores de geopolítica, e também para muitos do povo russo -, a melhor e mais importante área do planeta terra.

Mackinder desenvolve a ideia de que, aquele que estiver no centro do “Heartland”, no caso, a Rússia, seria a nação mais bem protegida do planeta, ainda mais se essa nação decidisse “tomar” as outras nações que compartilhava com ela esse grande bloco de terra (Europa, China), essa nação se tornaria a nação mais poderosa da história, pois ela dominaria a maior parte do planeta e estaria protegida de qualquer ataque, pois, por conta de sua vastidão territorial, ela teria somente para si, a maior parte de todos os recursos que são necessários para a sua sobrevivência: desde terras para cultivo, como água, petróleo, nascentes, minerais… etc., tudo o que ela precisar para sua subsistência e para sua riqueza e prosperidade, além do fato de que, ao situar seu centro de poder e comando no “Heartland” (lugar hoje ocupado pela Rússia), tal nação teria tempo mais do que necessário para se preparar e se defender de todo e qualquer ataque, pois, o que chegasse em suas fronteiras, iria demorar mais tempo para alcançar o centro, o “Heartland”, dando tempo para que tal nação se defenda em qualquer situação.

Assim, para Mackinder, e também para Dugin, quem estiver no “Heartland” (atualmente a Rússia) e dominar os países ao seu redor, seja pela guerra, pela diplomacia, ou por acordos políticos, se tornará a nação (“império” seria melhor aplicado aqui) mais poderosa do planeta Terra. E a Rússia de Vladimir Putin tem agido de várias maneiras e em vários fronts para tentar ocupar esse posto. O posto de o mais novo “império” mundial…

(*) Wanderson R. Monteiro é formado em Teologia, coautor de 4 livros e vencedor de três prémios literários.

(dudu.slimpac2017@hotmail.com)

(São Sebastião do Anta – MG)

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